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Manejo de Pastagem como Cultura para Vencer a Seca

  • Aluizio Ribeiro
  • 16 de fev.
  • 5 min de leitura

A pecuária brasileira, especialmente a voltada para a criação de gado Nelore, enfrenta desafios únicos devido às condições climáticas do país. Em muitas regiões, a estação seca é uma realidade que pode comprometer a produtividade das pastagens e, consequentemente, o desempenho do rebanho. Nesse contexto, tratar a pastagem como uma cultura agrícola – com planejamento, manejo e cuidados específicos – é essencial para superar os desafios da seca e garantir a sustentabilidade da produção. Este artigo aborda as estratégias de manejo que transformam a pastagem em um ativo produtivo mesmo em períodos de escassez hídrica.



Vacas e bois em manejo, sendo tangidos por um vaqueiro ao fundo da imagem
Manejo de bois e vacas

A Importância da Pastagem na Pecuária Brasileira

No Brasil, cerca de 90% do gado de corte é criado em sistemas de pastagem. A raça Nelore, predominante no rebanho nacional, apresenta vantagens significativas, como resistência ao calor e boa conversão alimentar em pastos tropicais. No entanto, mesmo com essas características adaptativas, a produtividade do rebanho depende diretamente da qualidade e disponibilidade da pastagem.

Durante a seca, as gramíneas perdem qualidade nutricional devido à redução da atividade fotossintética e ao menor teor de água nos tecidos vegetais. Isso resulta em menor oferta de proteína e energia para os animais. A ausência de um manejo de pastagem adequado nesse período pode levar à perda de peso, aumento no tempo de abate e redução na eficiência reprodutiva.



Tratar a Pastagem como Cultura Agrícola: O Que Isso Significa?

Muitos pecuaristas veem as pastagens como um recurso natural que se renova automaticamente, mas essa visão precisa ser substituída por uma abordagem mais técnica. Quando tratamos a pastagem como uma cultura agrícola, adotamos práticas baseadas em:

  • Planejamento: Escolha de espécies forrageiras adaptadas ao clima e ao solo da região.

  • Adubação e correção do solo: Garantir o aporte de nutrientes essenciais.

  • Rotação de pastos: Prevenir a degradação do solo e aumentar a longevidade das áreas cultivadas.

  • Monitoramento: Avaliação contínua do crescimento da forragem e do impacto do pastejo.

A mudança de mentalidade é o primeiro passo para transformar o manejo de pastagem em uma estratégia eficiente contra a seca.



Estratégias de Manejo de Pastagem para Superar a Seca

A seguir, detalhamos as principais estratégias de manejo para manter a produtividade das pastagens mesmo nos períodos de seca.

1. Escolha de Espécies Forrageiras Resilientes

Espécies de gramíneas e leguminosas tropicais têm diferentes capacidades de adaptação a períodos de estiagem. Algumas opções populares incluem:

  • Brachiaria brizantha (MG-5 e Marandu): Boa tolerância à seca e alta produtividade.

  • Panicum maximum (Mombaça e Tanzânia): Elevado potencial de produção, mas exigente em manejo.

  • Cenchrus ciliaris (Capim-Buffel): Ideal para regiões semiáridas.

  • Stylosanthes spp. (Estilosantes): Leguminosa que melhora a qualidade da forragem e fixa nitrogênio no solo.

A escolha deve considerar fatores como tipo de solo, clima local e objetivo produtivo (engorda, recria ou cria).



2. Reserva Estratégica de Forragem

A formação de pastos diferidos é uma técnica eficaz para garantir alimentação durante a seca. Consiste em isolar uma área de pastagem durante a estação chuvosa, permitindo que o capim cresça sem ser pastejado. Durante a seca, esse pasto é utilizado como reserva.

Dicas para o diferimento eficaz:

  • Planeje o diferimento com antecedência, geralmente no final da estação chuvosa.

  • Escolha áreas com gramíneas de boa resistência e alto valor nutritivo.

  • Controle a lotação para evitar o superpastejo e preservar a área para o próximo ciclo.

Outra estratégia é a produção de silagem ou feno, utilizando excedentes de forragem na estação chuvosa. Isso proporciona alimento volumoso de qualidade durante os meses secos.



3. Manejo Rotacionado

O manejo rotacionado é fundamental para preservar a saúde do solo e da pastagem. Dividindo a área em piquetes, os animais são transferidos periodicamente de um piquete para outro, permitindo que o capim de áreas já pastejadas se recupere.

Vantagens do manejo rotacionado:

  • Melhora a uniformidade do pastejo.

  • Reduz a compactação do solo.

  • Aumenta a longevidade das pastagens.

  • Maximiza a produtividade por hectare.

Durante a seca, o manejo rotacionado deve ser ajustado para evitar o desgaste excessivo do capim, utilizando, quando necessário, suplementação alimentar para reduzir a pressão sobre a pastagem.



4. Adubação e Correção do Solo

A fertilidade do solo é determinante para a produtividade das pastagens. Antes do início da estação chuvosa, deve-se realizar a análise do solo e, se necessário:

  • Aplicar calcário para corrigir a acidez.

  • Fazer adubações específicas com nitrogênio, fósforo e potássio (NPK).

  • Introduzir micronutrientes, como enxofre e zinco, dependendo da análise.

Uma pastagem bem nutrida tem maior capacidade de resistir ao estresse hídrico e se recuperar após a seca.



5. Integração Lavoura-Pecuária (ILP)

A Integração Lavoura-Pecuária é uma estratégia que combina o cultivo de grãos com pastagens em um mesmo sistema, otimizando o uso do solo e promovendo benefícios mútuos:

  • Após a colheita de grãos (como milho ou soja), os resíduos podem servir de alimento para o gado.

  • A introdução de pastagens no sistema ajuda a melhorar a estrutura do solo e reduzir a erosão.

Durante a seca, áreas de lavoura podem ser convertidas temporariamente em pastagens, garantindo alimentação adicional para o rebanho.



6. Uso de Irrigação

Embora a irrigação seja uma prática menos comum na pecuária de corte extensiva, pode ser uma alternativa em propriedades tecnificadas. Sistemas como irrigação por pivô central ou aspersão podem manter a produção de forragem durante períodos de estiagem.

O custo da implementação deve ser cuidadosamente avaliado, mas em áreas com alta densidade de lotação ou em sistemas de confinamento, a irrigação pode ser economicamente viável.



7. Suplementação Alimentar

Mesmo com todas as estratégias mencionadas, a suplementação alimentar é frequentemente necessária para complementar as carências nutricionais durante a seca. Algumas opções incluem:

  • Suplementos proteicos: Aumentam a digestibilidade da forragem seca.

  • Misturas minerais: Garantem o aporte de micronutrientes essenciais.

  • Concentrados energéticos: Fornecem energia adicional para animais em sistemas intensivos.

A suplementação estratégica ajuda a manter o desempenho do rebanho mesmo quando a qualidade da pastagem está reduzida.



Benefícios de um Manejo Sustentável

Investir em um manejo eficiente das pastagens traz benefícios que vão além da superação da seca. Entre os principais, destacam-se:

  1. Aumento da produtividade do rebanho: Melhoria no ganho de peso, reprodução e qualidade da carne.

  2. Redução de custos: Menor dependência de insumos externos, como ração e suplementos.

  3. Sustentabilidade ambiental: Preservação do solo, redução do desmatamento e captura de carbono pelas gramíneas.

  4. Valorização da propriedade: Pastagens bem manejadas aumentam o valor comercial da terra.



Considerações Finais

Vencer a seca na pecuária de corte exige uma abordagem proativa e técnica. Tratar a pastagem como uma cultura agrícola – com planejamento, manejo e monitoramento – é a chave para garantir a produção sustentável, especialmente no caso do gado Nelore, que é o pilar da pecuária brasileira.

Ao adotar práticas como escolha de forrageiras adaptadas, manejo rotacionado, adubação e suplementação, os pecuaristas podem minimizar os impactos da seca e maximizar a produtividade de seus sistemas. Mais do que uma necessidade, o manejo eficiente da pastagem é uma oportunidade de transformar desafios climáticos em vantagens competitivas.


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