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Recria e Terminação Intensiva a Pasto: Revolução na Criação de Nelore

  • Aluizio Ribeiro
  • 9 de jul.
  • 7 min de leitura

A recria intensiva a pasto e a terminação intensiva a pasto são práticas que vêm transformando a pecuária de corte, especialmente em sistemas voltados para a criação de gado Nelore. Essas estratégias aliam manejo racional de pastagens, nutrição e bem-estar animal, resultando em melhor desempenho produtivo, menor tempo até o abate e maior lucratividade. Neste artigo jornalístico, exploramos os principais conceitos, desafios, benefícios e impactos dessa dupla abordagem, com destaque para o contexto brasileiro de criações extensivas e a necessidade de intensificação sustentável.

Grupo de bois da raça Nelore em um pasto verdejante sob céu azul claro com poucas nuvens; o animal em destaque está voltado para a câmera, com expressão alerta e porte imponente, enquanto o restante do rebanho se espalha ao fundo em meio à vegetação alta e saudável.
Criação de gado nelore em pasto.

Desde os estágios iniciais da recria até a fase final de terminação, o sistema intensivo a pasto exige planejamento rigoroso. A recria intensiva a pasto concentra-se no aproveitamento de animais entre o desmame e a entrada na terminação, quando o foco está em estimular o ganho de peso diário (GMD) por meio de pastagens de alta qualidade, suplementação pontual e manejo estratégico. Já a terminação intensiva a pasto busca maximizar a deposição de massa muscular e gordura de marmoreio no animal próximo ao padrão de abate. Nesse estágio, pastos tropicais de alto valor nutritivo, acompanhamento veterinário constante e acréscimo de suplementos são essenciais para agregar valor à carcaça.


A adoção desses sistemas representa um avanço significativo para produtores de Nelore, raça amplamente dominantes na pecuária brasileira pela adaptabilidade ao clima quente e sua facilidade de reprodução. Com o enfoque adequado na recria, o Nelore pode apresentar gmds de 0,8 a 1,2 kg/dia durante o período entre desmame e envio à terminação, bem acima dos índices típicos de sistemas convencionais. Já na terminação intensiva, chega-se a 7,5–8,5 mm de espessura de gordura subcutânea, favorecendo o rendimento de carne, o marmoreio e a classificação final carcassa, sem recorrer a confinamentos tradicionais.


Para explicar melhor essa abordagem, vale entender as etapas detalhadas:

Recria intensiva a pastoLogo após o desmame, os bezerros enfrentam desafios nutricionais e ambientais. É aí que a recria intensiva a pasto oferece alternativas vantajosas. O produtor seleciona pastagens com alta taxa de crescimento, como braquiárias (Brachiaria brizantha), mombaça (Panicum maximum) e mombaça cv. Tanzania, manejadas em sistema rotacionado. Em geral, busca-se alta oferta de biomassa, capaz de sustentar os animais em piquetes de 0,8 a 1,2 UA/ha, com rotação curta e fertilização equilibrada. O uso de esterco bovino, calcário e adubação química garante teor adequado de nutrientes no solo (Nitrogênio, Fósforo, Potássio e Micronutrientes), resultando em volumoso rico em proteína bruta, fibras digestíveis e energia. Além disso, a suplementação estratégica com farelo de soja, milho triturado ou concentrado comercial permite corrigir eventuais deficiências, assegurando que o consumo de nutrientes pelo animal atenda ao potencial genético da raça.


Além do pasto, a suplementação mineral densa e equilibrada desempenha papel fundamental. No inverno, quando a vaca ou o novilho podem enfrentar períodos de baixa oferta forrageira, esse recurso se torna ainda mais importante, pois reduz o ciclo produtivo e previne perdas de peso. A técnica de divisão de pastejo permite manejar com precisão o período de ocupação e entrada, assegurando que o forrageiro seja consumido no ponto ideal e estimulando renovação rápida. Assim, obtém-se gmd médio superior a 1 kg/dia por cerca de 200 a 300 dias de recria. Em condições mais estruturadas, esse ganho pode até ultrapassar 1,2 kg/dia, desde que associado a práticas como irrigação do pasto (em regiões com estiagem prolongada) e adubação estratégica em função do solo.


Investir em recria intensiva representa ganho de escala, maior uniformidade do lote e menor impacto ambiental. A densidade de animais pode ser elevada sem o risco de degradação, desde que o produtor conte com sistema de piquete eficiente e reposição de nutrientes. As paisagens ganham em recuperação natural e a fixação de carbono no solo é favorecida, uma vez que o volume de raízes e a ciclagem de nutrientes estimulam a fertilidade.


Transição para terminação intensiva a pastoQuando os bovinos atingem 280–320 kg, inicia-se a transição para terminação. Esse momento é estratégico: a nutrição deve aumentar densidade energética, mas sem causar transtornos ruminais. O produtor começa com suplementação volumosa — como silagem ou feno de qualidade — junto a pasto, e depois introduz concentrados mais energéticos. O uso de aditivos ruminais, como ionóforos (ex.: monensina) e tamponantes, pode otimizar a fermentação e reduzir o risco de acidose. Devido ao porte do animal, sua exigência energética por quilo de ganho é maior, e o uso eficiente de recursos reflete no custo de produção final.


No pasto, a terminação intensiva exige gramíneas com resposta rápida — muitas vezes associadas à braquiária — em piquetes bem manejados, com análise de solo frequente e adubação de manutenção. A densidade animal pode chegar a 2 UA/ha, reduzindo o tempo de abate em até 30% comparado à terminação extensiva tradicional. Conforme técnicos, novilhos Nelore terminados a pasto em regime intensivo podem ser abaturos aos 24–26 meses, enquanto o sistema extensivo ultrapassa os 30 meses. Essa diferença gera economia em alimentação, mão de obra e infraestrutura, acelerando o retorno financeiro por hectare.


A terminação macia resulta em carcaças mais pesadas, com boa cobertura de gordura (aproximadamente 4 mm) e rendimento médio de 55–56 %. O atributo fundamental para conquistar mercado exigente, como premium beef, é o equilíbrio entre matéria magra e marmoreio, que o Nelore, mesmo com genética focada em peso, pode atingir graças ao manejo intensivo na fase final.

Benefícios ambientais e econômicosUm dos principais argumentos favoráveis a ambos os sistemas — recria e terminação intensiva — é a sustentabilidade. Quando bem conduzidos, reduzem emissões por unidade produzida, já que o animal cresce mais rápido e convive menos tempo na fazenda. O manejo rotacionado favorece a cobertura do solo, a infiltração de água e a biodiversidade, além de permitir a integração com sistemas agroflorestais ou produção de biomassa adicional. Também diminui o risco de erosões, pois a renovação forrageira mantém pastos vivos com média de 18 cm de altura e boa estrutura radicular.


Do ponto de vista financeiro, a intensificação reduz o custo por arroba produzida. Com taxa diária de manutenção menor do que a alimentação em confinamento, o sistema a pasto intensivo combina menor gasto com maior rendimento. O produtor pode inclusive ter acesso a certificações agrícolas e mercados de carne verde, atrelando valor agregado ao produto.


Outro diferencial importante: a resiliência. Em períodos secos prolongados, produtores com irrigação suplementar ou silagem bem estocada garantem alimentação consistente. Pastos bem gestionados resistem melhor à estiagem, porque sistemas rotacionados fortalecem a cobertura vegetal, retém umidade e reduzem evapotranspiração.

Desafios a enfrentarApesar das vantagens, adotar recria e terminação intensiva a pasto demanda estrutura e gestão. Entre os desafios, destacam-se a necessidade de análise constante do solo, investimentos em cercas, aguadas, cochos, suplementos minerais, adubação e mobilidade do rebanho. A logística de rotação de piquetes exige monitoramento diário, que pode ser feito manualmente ou com plataformas tecnológicas (apps, sensores, drones). A mão de obra precisa ser capacitada para acompanhar lotes, identificar sinais precoces de deficiências nutricionais ou sanidade e reagir prontamente.


A regularidade do fornecimento forrageiro é outro ponto crítico. Em regiões com chuvas concentradas, a oferta sazonal pode impactar até 90%. A intensificação torna-se mais viável quando combinada com produção de silagem, plantio de forrageiras de inverno e irrigação. Para pequenos produtores, o investimento pode parecer elevado, mas a médio prazo, os ganhos em peso, produtividade e retorno financeiro compensam, especialmente quando há acesso a crédito rural e assistência técnica.


Perspectiva nacionalNo Brasil, modelos bem-sucedidos desde as décadas de 1990 vêm consolidando esses sistemas. Estudos da Embrapa e universidades mostram que a terminação de Nelore a pasto, aliada à recria intensiva, reduz o ciclo médio de produção de 36 para 24 meses, promovendo melhor utilização de terras, liberação de pastagens degradadas e redução da pressão por desmatamento. A movimentação por certificações como o selo Carne Carbono Neutro também estimula adoção dessas práticas, pois comprovam redução de emissões e ganhos em sequestração de carbono.


Esses avanços fazem surgir oportunidades de certificação sustentável, rastreabilidade e venda direta ao consumidor. Parcerias com frigoríficos e redes varejistas ampliam o alcance dos produtos, mas exigem padronização e qualidade uniforme da carne. Rebanhos de recria terminação intensiva são, em geral, mais sincronizados em peso e acabamento, o que facilita o atendimento às normas de classificação.


Orientações para implementaçãoProcurar assistência especializada para análise inicial do solo, definição de gramíneas adequadas à região e desenho de sistema rotacionado é o primeiro passo. Recomenda-se começar com animais leves — bezerros desmamados entre 200‑300 kg — e fazer referência de desempenho no sistema. Fazer comparação entre dois lotes em pastejo intensivo e extensivo pode mostrar o impacto direto da intensificação.

Para a terminação, monitorar o ganho de peso durante recria permite antecipar o início da fase final aos 280–300 kg. Nesse ponto, a aplicação de dieta balanceada com alto fornecimento de energia (lucro bruto por boi maior) e suplementação protéica adequada é determinante. O gmd nessa fase costuma ficar entre 0,7‑1,0 kg/dia, com cobertura de gordura adequada em cerca de 120‑150 dias. O acompanhamento da condição corporal (escala de 1 a 5) assegura que o animal atinja condição 4 na época de abate, ideal para carcaça de qualidade.


Outro elemento essencial é o controle sanitário: vermifugações periódicas, vacinação completa (Clostridioses, BVD, Doença de Carbone, entre outras) e controle de carrapatos e mosca-dos-chifres. Saúde está diretamente ligada ao desempenho e à conversão alimentar. Uma enfermidade pode atrasar o ciclo e reduzir o ganho de peso em até 30% — efeito que se estende ao sistema pela exigência de ajustes no manejo.


O impacto sobre o mercado de carne NeloreO mercado demanda cada vez mais padrão uniforme e previsibilidade. O consumidor moderno exige produtos diferenciados: carne macia, saborosa, com classificação, margem de gordura e embalagem atrativa. A recria e terminação intensiva permitem atender a esses requisitos, inclusive gerando nichos premium, como carne orgânica, carne com certificação ambiental, carne de pasto ou carne livre de agroquímicos. A rastreabilidade, com chips e identificação eletrônica, agrega valor e fortalece a reputação da cadeia cooperativista ou marca da fazenda.


Os frigoríficos pagam diferencial por carcaças homogêneas, com peso igual dentro de média de mais ou menos 5 kg. O ganho de ritmo produtivo e padronização permitem maior faturamento por arroba, e reduzem desperdícios na indústria. Ao estimular produtores a aderir à intensificação, incentiva-se uma mudança no perfil da pecuária brasileira, hoje ainda muito extensiva.


A recria e a terminação intensiva a pasto representam uma revolução na criação de Nelore. A adoção desses sistemas exige preparo técnico e investimento, mas gera retorno robusto: ciclo mais curto, produtividade superior, maior padrão de carcaça, redução do impacto ambiental e acesso ao mercado premium. O Brasil tem potencial de consolidar essa prática e reforçar sua posição como líder mundial na carne de qualidade.


Mais do que um avanço técnico, trata-se de uma evolução ética e sustentável — onde produtividade e cuidado ambiental caminham juntos, com foco no ganho do produtor, na saúde animal e na preservação do planeta.

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